Neste seu novo livro de ensaios, Teresa Cristina Cerdeira oferece-nos a argúcia habitual das suas formas de ler. Leitora atenta da Literatura Portuguesa Contemporânea, Teresa Cerdeira procede à revisitação de alguns dos seus autores diletos, de Saramago a Mário Cláudio, passando por Jorge de Sena ou Helder Macedo, colocando-os não raro em diálogo com os clássicos da Língua Portuguesa, sejam eles Camões ou Machado de Assis – a biblioteca –, mas também com o tempo e o corpo. Formas de Ler é um modo de olhar a literatura como trabalho sobre a língua e a criação de formas novas que a cristalizam em arte. E é também um “pronunciamento” em defesa da literatura e do seu estudo, ameaçado de extinção nos tempos de cólera economicista que vivemos. É enfim um grito pela “liberdade de gestão da língua” e das formas que ela adquire na literatura quando “inaugura imagens, cria conceitos, dessemantiza outros, age frequentemente na contramão do senso comum, da norma, da lei”. É utopia e resistência.