Os contos desta coletânea balançam ramagens alvissareiras, que nos convidam a uma perda dócil na ondulação de suas copas. Uma mulher esfrega a xícara com o lado macio da esponja. Uma criança observa os gansos ou se entedia no banco da igreja. Então, com um silvo, a paisagem é cortada por uma jaca em queda. As crianças se põem a correr, sacudindo carrapichos e estátuas da barra de suas calças. Os pequizeiros se rasgam nas lanças do portão. A noite se abre no elevador panorâmico e a ascensorista insiste: não vai entrar? A narrativa é inundada por uma poética apurada, demarcando o momento em que o retorno ao estado anterior não é mais possível. A casca rachada da jaca revela a carne exposta, o desarranjo próprio do trauma. Isabela Sancho suspende essa dobra da experiência. Os personagens hesitam e encaram a fissura: a violência sofrida, a relação perdida, a excitação, o desconhecido. Flagramos seus olhos procurando boias ou absolutamente rendidos. Assim como acompanhamos os gestos (...)