O produtor musical Lennart Cederström, outrora componente de uma dupla de certo sucesso, juntamente com a mulher, Laila - ambos de meia-idade e vivendo quase no ostracismo - encontra num bosque, envolta em plástico, semienterrada e quase morta, uma diminuta recém-nascida. Entre as décadas de 1970 e 1990, Lennart vira sua paixão pela música e o autoconferido talento deturparem-se, entregues à crescente indústria cultural, ao oportunismo de empresários e ao artificialismo das relações entre o público e seus ídolos. Agora, cansado e desprovido de sonhos, vê na menina a perspectiva de preservação da música em sua mais pura essência e um resgate da própria existência. Afastado da mulher e do filho, a quem despreza, faz da menina praticamente um projeto musical, instruindo-a e cercando-a da melhor música. A criança responde com surpreendente e quase milagroso talento, dotada de uma belíssima voz. Ao mesmo tempo, demonstra um peculiar interesse em 'desconstruir' objetos, conceitos - e, como se vê depois, pessoas. A esposa, Laila, ex-cantora, e agora uma obscura e abusada dona de casa, acaba aderindo ao projeto, incapaz de resistir ao fascínio emanado por aquele ser de beleza paradoxal. Assim, 'Pequenina' ou 'Estrelinha', como a chama o casal ('Theres' para o filho deles, Jerry), é criada em segredo num porão, silenciosa e musical como nenhuma outra criança. À medida que cresce 'longe dos males da sociedade', ilumina e transforma a vida dos pais postiços... até revelar uma essência perturbadora e sanguinolenta.