Passados séculos de sistematização de críticas à religião, constatamos que precisaremos olhar para o passado sem as nostalgias das instituições em suas buscas ávidas de poder, mas também com reservas em relação à herança crítica construída na modernidade que anunciava o fim da religião. Nem o triunfalismo das instituições religiosas nem o positivismo das crenças científicas da modernidade podem nos dar as respostas às possibilidades de investigar e compreender a experiência religiosa em nossa sociedade, mas talvez ambas também sejam incompetentes para lidar com a criatividade, o lúdico, a crítica e as resistências que a religião cultiva em sua longa e complexa história. Passado, presente e futuro da religião precisam recuperar as memórias perigosas que nutriram críticas e criatividades na tradição religiosa.