Os estudos reunidos neste livro apontam para uma concepção de criança como um pequeno cidadão, como uma pessoa que vive em sociedade, que produz cultura e cujas diferentes linguagens precisam ser ouvidas e respeitadas pelos adultos. Uma concepção que representa, pode-se dizer, um avanço das idéias dos grandes pensadores como Montessori e Freinet. A cultura, compreendida como construção social e histórica assim como a ação mediadora dos educadores são abordadas, no texto como temas centrais no trabalho com bebês e crianças. Vale ressaltar o fato de que os capítulos referentes a culturas da infância, à organização do espaço nas creches e ao desenvolvimento infantil baseiam-se em exemplos concretos de brincadeiras e falas de crianças e educadoras em instituições de Florianópolis, dando colorido especial à fundamentação teórica. Segundo os autores, além disso, conceber a criança dessa forma requer melhor formação dos profissionais, no sentido pedagógico, e sua valorização em termos de carreira - o que só pode ser conquistado no âmbito das leis e das políticas públicas. Um dos capítulos discute com seriedade essa questão. De forma simples e com clareza de linguagem, os autores conseguem dar expressão as suas idéias com profundidade e concretude. Sobretudo despertam no leitor a forte convicção de que o repensar das propostas em educação infantil deve levar mais em conta os próprios bebês e crianças do nosso tempo. Uma razão forte para se dizer que se trata de uma importante leitura para pais e professores.