Tremor de Terra (1967), o primeiro livro de Luiz Vilela, provocou um pequeno abalo sísmico entre os cultores do conto e os críticos brasileiros. O autor, então com 24 anos, depois de recusado por vários editores, publicou o livro por conta própria. Inscrito no Prêmio Nacional de Brasília, obteve o primeiro lugar, superando 250 concorrentes, entre os quais vários escritores de prestígio nacional.Desde logo, Vilela foi apontado como a maior revelação do conto no Brasil, depois dos já consagrados Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Nos volumes seguintes, através de uma longa trajetória composta por mais de 20 volumes, a maioria de contos, impôs-se em definitivo como um dos mestres do gênero.Partindo quase sempre de uma situação banal – uma conversa de bar, uma visita –, os contos de Vilela apresentam uma humanidade angustiada, solitária, amarga, frustrada, em busca desesperada de um sentido para a vida, mas incapazes de se comunicar com seus semelhantes. Os fatos se desenrolam com naturalidade, sem truques, em um clima de pessimismo, sordidez, beirando o grotesco e ridículo. Como definiu Wilson Martins, no prefácio Melhores Contos Luiz Vilela, as páginas de Vilela "têm a palpitação interna do conto, não poderiam ser outra coisa senão contos; é a arte das linhas simples e profundas, e das dificuldades de execução; é bem a música de câmara e não a sinfonia arranjada para instrumentos menos numerosos".O volume está composto por trinta trabalhos, selecionados pelo próprio autor. Alguns deles considerados obras-primas da literatura brasileira: “Os Sobreviventes”, “Bárbaro”, “Aprendizado”, “Françoise”, “Luz sobre a Porta”, “Ousadia”, “Um Peixe”, “Preocupações de uma Velhinha”, que devem permanecer ao lado do melhor produzido por seus contemporâneos, um Dalton Trevisan, um Rubem Fonseca. Que o leitor julgue por si mesmo.