O Labirinto é um longo poema de Antônio Vidon, poeta que se preocupa com os grandes temas da poesia. Essa é a razão por que ele admira autores que sempre se mostraram preocupados com uma expressão capaz de ultrapassar os limites da imanência. Também explica as numerosas epígrafes, escritas por apenas dois autores: Dante e Parmênides. Ambos são poetas da transcendência, situados em duas vertentes da tradição da poesia grega. Antônio Vidon revisitou a poesia e filosofia desde seus primórdios, indo buscar nas fontes mais puras sua inspiração. Ao longo de 19 anos, pacientemente, em um refinado trabalho de carpintaria poética e intelectual, deu corpo a esta sólida obra poética sobre a condição do ser no mundo. O poema é dividido em 28 cantos e três partes, O Estrangeiro, O Aprendiz e O Visionário, cada qual com 9 cantos, mais o canto introdutório. Como n'A Divina Comédia, ressaltam-se os números 1 e 3 e seus múltiplos. Assim, o 9 - total de cantos de cada parte - além de múltiplo de 3 é o limite dos números e representa periodicidade e também totalidade. Para adentrarmos O Labirinto, convém penetrarmos o rio heraclítico. A fonte é de águas ctônias, águas fecundas, naturalmente. É a iniciação existencial, infernal, porque ambígua. É o processo da mesma essência em três estados: dissolução, duração e criação.