No dizer de Pessoa: [Alberto Caeiro] nasceu em Lisboa mas viveu quase toda a sua vida no campo; morreram-lhe cedo o pai e a mãe e, por isso vivia com uma tia velha, tia-avó; não teve mais educação que quase nenhuma, só a instrução primária. E acrescenta, invejando-lhe seguramente a sorte de não ter sido obrigado, como ele, à escravatura de um ganhã-pão: Deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos Aduante, comenta: Pus em Caeiro todo o meu poder de despersonalização dramática.Para entender a poesia de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, impõe-se integrá-la no projeto pessoano do Neopaganismo Português e dos seus cultores: Ricardo Reis, o poeta, Alberto Caeiro, a sua consubstanciação, segundo declaração de Pessoa, e António Mora, o seu teórico em prosa (sociólogo e filósofo).Os três livros de Caeiro, nesta obra considerados e assim por Pessoa chamados e previstos, dão notícia dessa vida sem acontecimentos, excepto a doença do espisódio amoroso: o segundo livro, composto por nove poemas. Também o terceiro livro, Andaime Poemas Inconjuntos, segue, como um diário, a evolução de uma doença, neste caso a tuberculose, que o vitimou.O título Vida e obras nunca foi usado por nenhum editor.