Partindo do conceito de Pulsão de morte, a autora traça o percurso e a tensão que se estabelece entre os textos freudianos e os que se seguiram a eles, na tentativa de operar com esse conceito, traduzi-lo, e o que resta dessa operação. Na superfície do texto, a trama e a urdidura de um fazer com a língua revelam a presença de um corpo no seu aspecto pulsional e silencioso, uma insistência pulsional que exige um trabalho a mais, e ainda. As noções de tradução e transposição, pensadas ao lado da poética, forneceram os elementos para as articulações entre esse irredutível pulsional e o corpo. Tomadas como um fazer que não se limita a uma similitude, mas a um desvio, a uma dessemelhança, operando por circuitos discretos, mas intensos, e inaugurando o toque de uma promessa, tocamos a forma que a transposição escreve. Nesse lugar "seremos o calar do corpo, a ele deixaremos os lugares e só escreveremos, só leremos para abandonar aos corpos os lugares dos seus contatos". Dessa operação, resta o ínfimo, o grão obstinado, tênue, uma insistência pulsional, o seu intraduzível. Consentir com esse impossível é deixar soar o estrangeiro, o silêncio e o sem sentido (pas de sens) na forma criada.