Ao sair de sua terra natal em busca da inencontrável vida verdadeira, Arthur Rimbaud terminou por conferir às palavras uma indeterminação entre herança e voz própria, cujos desígnios só se erigem sob um lento e paciente trabalho acerca do que não se pode dizer de uma vez por todas. Ante o exílio do território da infância, é exigido de todo adolescente que, no reencontro das pulsões sexuais que incidem em seu corpo entre passado e futuro, encontre um lugar no discurso. A esse sofrimento moderno, por ter se conjugado no presente, corresponde um novo tempo que não pode mais se referir apenas à casa paterna e às fantasias que pairam sobre o que já se foi. A aventura, que apenas se inicia, tem suas demandas, mas saberá do preço que se paga na eleição de novos objetos de amor. Despertar exige, inclusive, que se aprenda a falar do que não existe [...]