Diálogo transdisciplinar, muldimensional, híbrido, a Naturologia expressa uma forma de resistência, uma brecha que abre perspectivas para o entendimento contemporâneo da saúde, ainda mais porque a formação em Naturologia começa a se expandir no Brasil. Estruturada em quatro blocos não lineares, a narrativa traz o pensamento complexo para a boca de cena do teatro de ideias que a autora desenvolve, mobiliza, sistematiza. Munida desse referencial, Naturologia: Um Diálogo entre Saberes são examinados 71 trabalhos de conclusão de curso de duas universidades, uma em Santa Catarina, outra em São Paulo. Em todos eles, aparece uma postura que propõe a refundação e o reencantamento da relação terapeuta-paciente, a lisura do cuidar, a ética de si, o diálogo intercultural entre oriente e ocidente. Encontra-se também a Carta para os naturólogos, um apelo-manifesto dirigido às gerações do presente e do futuro, para que enfrentem o desafio de propor um estilo de pensar e fazer saúde que bata de frente na fragmentação. A configuração mestiça da Naturologia, a autora reitera, clama por modelos de pensamento plurais, abertos e flexíveis. Não tenhamos ilusão: a Naturologia não é solução para sanar os mal-estares deste mundo, mas um caminho formativo transdisciplinar, uma brecha que pode desencadear modalidades de reconhecimento de ser-no-mundo pautadas pela ética da compaixão, pelo sentimento de comunidade, pelos arcanos sempre imprecisos e impermanentes dos sistemas vivos.