Nessa nova fábula brasileira não deixam de entrar vícios e vaidades que se podem dizer “eternos” no comportamento humano, mas ao mesmo tempo são injetados temas que alimentam nosso cotidiano, como as sexualidades alternativas, as percepções quimicamente alteradas e a corrida pela celebridade. Assim, um jovem elefante sonha, para o desespero do pai, ser bailarino e estrear no Elefanteatro Municipal; um veadinho renega o presente de uma bola de futebol e causa escândalo ao exigir uma boneca falante, entre outros exemplos saborosos. Com tais ingredientes, o livro atinge um raro efeito: é cheio de terna auto-ironia, às vezes de apelo expressamente cômico, mas nunca complacente.