Patrícia Galvão, Pagu, escritora, militante e mártir, é uma garota de sorte. Viveu todas as grandezas e misérias destinadas a alguém do seu talento e coragem, e ganhou uma sobrevida que a tornará para sempre objeto de estudo e espanto. Para isso, conta com uma tutora inestimável: Lúcia Teixeira, criadora do Centro Pagu Unisanta, em Santos, abrigo de mais de três mil documentos e imagens catalogados, digitalizados e fonte para tudo que lhe diga respeito. Os livros, filmes e exposições que produz sobre ela revelam uma mulher à prova das biografias convencionais e a salvo do realejo modernista. O último, mas não o derradeiro, é este Cadernos de Pagu, um apanhado de manuscritos, esboços e rabiscos que nunca tinham saído das gavetas, trazendo à luz ficções, cartas, provocações, reflexões e peças de teatro de cuja existência nem suspeitávamos. O simples fato de terem chegado ao nosso tempo é um milagre. O de estarem agora em nossas mãos é um milagre e meio.