O que Vaneigem expõe é o movimento de transformação conducente àquilo que designa como neocapitalismo, ou seja, a afirmação, a partir dos anos 80, de um movimento econômico cuja principal característica política reside no reformismo e se oporia ao velho capitalismo de simples depredação da natureza e do homem. O que ele assim concebe é uma disseminação e uma agudização das contradições sociais que justamente este neocapitalismo já está a suscitar, a partir das opções que se vê forçado a tomar, em particular no que diz respeito às soluções energéticas, as quais, por razões ecológicas inevitáveis, o vão conduzir a investir nas chamadas energias leves (solar, marítima, eólica), cujo aspecto mais importante (e estratégico, do ponto de vista do Autor) reside no caráter gratuito que revestem; uma gratuitidade tecnológica de cujas repercussões sociais e políticas se espera muito, não como panacéia deste sistema, mas como revelador das condições econômicas que o têm tornado uma cidadela ideológica inatacável.