Cerca de 400 noites de quarta-feira na São Paulo desvairada, sob o império da informação instantânea e do corre-corre cotidiano foram dedicadas à literatura pura e descomprometida. Os quinze autores, quase todos inéditos, nem pensavam em se reunir num livro. Amigos que queriam apenas trocar sentimentos literários, pelo simples prazer de lidar com a literatura, a própria e a alheia, agora estão juntos por todos os dias da semana neste Quarta-feira: antologia de prosa e verso. A antologia tem apresentação de Carlos Felipe Moisés, descreve a trajetória do grupo que já dura há 10 anos. Todas as quartas-feiras eram reservadas para jogar conversa (literária) fora. A oficina literária, aos poucos, foi tomando características de oficina de crítica literária. Carlos Felipe enfatiza a variedade de timbres e humores entre os autores. A cada seção do livro, que varia de contos à poesia, o leitor terá contato com uma vibração diferente, um jeito próprio de cada autor expressar o mundo e a vida. Toda essa variedade de textos dá-se pela heterogeneidade do grupo, do respeito e apoio à personalidade de cada um. O que chama a atenção são as autobiografias que iniciam cada seção do livro. Cada descrição pessoal, impregnada de humor e simplicidade, é um preparo para os textos que se seguem, é como se aproximar ao máximo do autor ao ponto de já imaginar o que vem pela frente, tornando a leitura interessante e deliciosa. Toda a variedade começa a se diluir timidamente quando se vai mais a fundo na leitura, pode-se notar a busca, por todos os autores, pelo sentido da existência, quer esse sentido se esconda em tipos, figuras e situações fora do sujeito que fala e escreve.