O nós, que só surge depois da colisão de pele com pele, de beijo com beijo, em sussurro: cantos de chuva, surge ainda antes: no momento em que o lápis encontra o papel. Aqui, Quintella e Vaz fazem poesia dos microcosmos que habitam esquinas, cantos, partes da cidade que, mesmo conhecidas, tornam-se enigma diante do labirinto que é o outro. As cinco partes do livro são mapas de terras desconhecidas, pouco e muito exploradas fazem registro do chão em que se pisa como cartógrafo algum ousou. Aliás, porque, nesse livro, quem ousa é a voz feminina: contorna o lápis entre a primeira e a segunda pessoa do singular, pronomes às vezes indefinidos e partículas cheias de incerteza. Essas páginas sussurram. Por isso, ouça, enquanto o tempo está suspenso; enquanto cada lapso vira gente, que vira torrente, que vira verso. Isabelle Costa