"Arjun Appadurai é conhecido como autor de novas formulações notáveis que esclareceram os desenvolvimentos globais contemporâneos, especialmente em Modernity at Large. Neste novo livro, ele aborda os problemas mais cruciais e intrigantes da violência coletiva que hoje nos cerca. Um livro repleto de ideias novas e originais, alimento essencial para o espírito dos especialistas e de todos os que se preocupam com essas questões." Charles Taylor, autor de Modern Social Imaginaries As transformações na economia mundial desde a década de 1970 produziram efeitos consideráveis nas relações entre as nações e as pessoas. Multiplicaram se as disputas e preocupações sobre soberania nacional, indigenismo, imigração, liberda de, mercado, democracia e direi tos humanos. Algumas ditaduras sumiram, outras permaneceram ativas e uma ou outra mais insiste em afirmar se no palco mundial como se as mudanças no mundo ao longo do último meio século não tivessem existido. A macroviolência tomou aspectos insus peitados e a violência cotidiana instalou se de vez nos países subdesenvolvidos e se faz sem pre mais presente no chamado primeiro mundo que parece por vezes a ponto de deixar de sê lo. A globalização é uma realidade em mais de um campo, sobretudo naqueles marcados por um sinal negativo: o da violência em geral e do terrorismo em particular, do etnocídio e do "civicídio". O conflito entre civilizações é afirmado por alguns, negado por outros e, afinal, de algum modo, real ou imaginário, experimenta do por todos. Nesse cenário que os eventos de 2001 tornaram ainda mais instável e para cuja descrição a palavra conturbado é apenas um sofrível eufemismo, uma questão se destaca: a dos números. Os grandes e os pequenos números. Num mundo cada vez mais povoado e no qual o medo aos grandes números poderia ter uma razão de ser sempre crescente, o temor ao pequeno número pare ce impôr se. O pequeno número pode ser o dos oligopólios e dos bandos tirânicos de todas as cores ideológicas mas também o dos imigrantes e o dos grupos terroristas moleculares que não mais parecem obedecer a uma grande e nítida lógica única,mais suportável senão mais preferível do que a atomização generaliza da que instaura uma geografia do medo como contrapartida à geografia do ódio. A linha de força geral é aque la que Appadurai chama de ideocídio, um novo fenômeno relativo ao fato de que povos inteiros e modos de vida em sua totalidade são vistos como perigosos e situados fora da esfera da humanidade. A questão por trás desse ódio, que por vezes funciona "a longa distância", é econômica mas também, e sobretudo, cultural. O esforço por entendê la e penetrar em temas tão centrais como o "medo ao mais fraco" e o risco apresentado pelas "identidades predatórias" faz deste livro uma leitura necessária para os que se ocupam da cultura, buscam definir políticas culturais apropriadas para os novos tempos e ainda não querem dizer "adeus à civilidade". Arjun Appadurai é titular da cadeira John Dewey de ciências sociais na New School, onde também é consultor sênior para iniciativas globais. seus livros incluem: Modernity at large: cultural dimensions of globalization e a coleção Globalization, também publicada pela Duke University Press. é cofundador do periódico Public culture; fundador do Pukar (partners for urban knowledge, action and research - parceiros para o conhecimento urbano, a ação e pesquisa), uma associação sem fins lucrativos de Mumbai; cofundador e codiretor da Ing (interdisciplinary network on globalization - rede interdisciplinar sobre globalização); e membro da academia americana de artes e ciências. é consultor de várias organizações públicas e particulares, incluindo as fundações Ford, Rockefeller e Macarthur; Unesco; Banco Mundial; e a National science foundation.