O livro de Helio Piñón sobre a obra de Paulo Mendes da Rocha constitui uma contribuição excepcional à nossa reflexão crítica sobre a arquitetura moderna brasileira. Guardadas as especificidades, o livro de Piñón se aproxima da leitura de Sophia Telles, ensaísta responsável por recuperar a obra de Paulo Mendes para as novas gerações, então iludidas pelas modas pós-modernistas dos anos 80. [...] Piñón evita a utilização da obra de Paulo Mendes como mero exemplo e avança ao reconhecer as características específicas do arquiteto em relação ao projeto construtivo brasileiro e à produção moderna internacional. No contexto brasileiro, o arquiteto se distingue por evitar a presença de traços pessoais geniais e por se definir pela ação de um sujeito que expressa através de sua obra um modo de entender a realidade. Assim, além da consistência formal da obra, sua arquitetura pertence à tradição americana fundamentada na relação com a natureza enquanto a européia estaria mais baseada na relação com a história.