As experiências da vida são fonte inesgotável na obra de Mario Quintana. "Velório Sem Defunto", o último que escreveu, é um apanhado lírico do que o poeta viu e sentiu em vida. Publicado em 1990, quando Quintana já havia completado 84 anos, o livro reúne poemas até aquele momento inéditos, escritos com o mesmo frescor de sua eterna juventude. O vazio existencial, que por vezes toma conta da obra do poeta - especialmente diante da consciência da finitude - intensifica a inquietude dos versos. O autor não quis dar tom de testamento ao seu título de despedida. Buscou expressar, de maneira quase caleidoscópica, o turbilhão de emoções, sentimentos e imagens pelo qual passa o idoso insone em sua cama. "Velório Sem Defunto" reitera a qualidade do autor como observador atento da realidade, além de raro frasista.