Além da evidente herança antropofágica do Tropicalismo, lembrada por muitos de seus teóricos e críticos, um dos seus traços mais marcantes encontra-se na mistura de gêneros, identidades, repertórios e linguagens. Essa mistura é tratada como manifestação criativa de um hibridismo semiótico capaz de amalgamar o popular e o erudito, a criação e a crítica, o deboche e a festa, a música e sua teatralização. Opondo-se aos preconceitos de que só há redundância nos meios de massa, a tropicália soube trazer para o meio televisivo o biscoito fino de um enredo sonoro novo: corrosivo, risível, mas, sobretudo, inventivo. O Tropicalismo foi o caminho através do qual grande parte da juventude pós - 68 encontrou uma maneira de ser moderna, internacionalista e pop, mas dentro de um repertório que dialogava com a tradição brasileira e com referências sofisticadas. O Tropicalismo deu aos jovens brasileiros a possibilidade de uma inserção cultural rebelde, criativa e contemporânea, diferente da que era oferecida pela esquerda ou pela cultura do sistema.