Único texto sobre arquitetura datado da Antigüidade clássica que se conservou até os dias de hoje, o tratado De architectura de Vitrúvio, escrito em 27 a.C. e supostamente dedicado ao im­perador Augusto, tornou-se referência já durante a Antigüidade e, séculos mais tarde, redescoberto numa abadia italiana, viria a influenciar as concepções estéticas renascentistas. Nas dez partes que compõem a obra, trata-se de arquitetura, planejamento urbano, ordens gregas, técnica e materiais de construção; identificam-se vários edifícios públicos e particula­res, religiosos e laicos; são descritos mecanismos de aplicação civil e militar, como relógios e máquinas hidráulicas. No entanto, o vigor do tratado está na concepção vitruviana de arquitetura como imitação da natureza; na arte de construir com um sen­so de proporção que leva em conta a obra de arte suprema: o corpo humano; e na definição das três qualidades essenciais de uma estrutura: solidez, utilidade e beleza. A edição do Tratado de arquitetura que a Martins apresenta ao público brasileiro foi realizada a partir do original latino pelo historiador português M. Justino Maciel e inclui inúmeras notas que ajudam o leitor a en­tender esse genuíno monumento da cultura clássica.