A poesia de Susy Freitas penetra e perfura. Perturba e nos permeia, atravessa os nossos avessos, adentrando até o fundo, e expõe todas as aberturas e fragilidades que nos fazem seres humanos. Se Caetano já cantou a tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça, a poeta sustenta nessas páginas o prazer e a angústia feminina de se possuir mais buracos, e bem sabe que esses são mais funcionais e complexos, como expõe nos versos Sinto pena dos furos do homem/que não jorram não insultam. Ela apresenta um recorte dos nossos tempos e espaços: a tensão política de um Brasil onde a democracia afunda, a pauta feminista e a luta pela igualdade de gênero, a saúde mental daqueles que lutam contra moinhos de ventos com faces de governantes retrógrados. Traz também retalhos do visível e do invisível, da palavra e do ruído, conduzindo o leitor a transbordamentos com a fricção de suas estrofes potentes e bem construídas. [...]