A sociedade sagrada das polacas... é impecável! Uma escrita justa, sem sobras, vai tomando e retomando e tirando o fôlego. Um texto que segue rearticulando partes e todo... Em muitas camadas. Há sempre mais... E o que mais poderíamos querer do livro de Fernanda Miguens? As Polacas de Fernanda, castas, putas, íntegras... Analfabetas, versadas, multiscientes... Pobres, exploradas, magníficas... Vão se – nos – recriando. Um outro judaísmo possível e por vir... Outro sagrado: matriarcal, elementar, intenso! Uma tradução impossível, das Polacas, de Fernanda, de cada Uma... E que continua... Será que alguém mais pode traduzir senão Elas? Oblíqua e incondicionalmente por todos nós! Será que há tradução – recondução, comunicação, hospitalidade, comunidade – para fora deste lugar, da experiência Delas? Uma confrontação contínua, sem nenhuma necessidade ou tempo e paciência para esperanças ou pessimismos. Inesgotável e imparável, por necessidade e amor! Amor cósmico, irado, caprichoso, fantástico das Polacas de Fernanda... Unicamente de onde se pode perdoar... Ódio, amor, alegria, solidão, imaginação, eletricidade, tristeza, horror, solidariedade, indigência, reencantamento... justiça! as Polacas e/de Fernanda (e) para além! - Marcelo de Mello Rangel