No fundo do oceano, os animais invisíveis apresenta, na natureza do texto, o movimento da água em remansos, quedas e correntezas. Não se trata de mais uma escritora que repete “fórmulas” de sucesso. Anita Deak as conhece bem, as recentes e as clássicas, extrai delas o que contêm de resina valiosa e as reformula num conjunto original, enriquecido por escolhas rigorosas sobre o que quer mostrar e esconder. Vê-se, já às primeiras páginas, que a autora conhece muito e assimilou verdadeiramente as lições de mestres pioneiros como Guimarães Rosa e Manoel de Barros (para citar apenas os mais emblemáticos), mas não os copia. Recria. Não se trata de leitura fácil. Exige do leitor uma parceria competente, capaz de mergulhar fundo e resistir ao afogamento “no fundo do oceano”, percorrido pelo narrador-personagem, Pedro Naves, sempre em agonia. Ele nos convida a percorrer a fronteira fluida entre sua memória e imaginação, entre a percepção objetiva e o sonho.