Histórias que nos transportam dos barrios da República Dominicana às violentas comunidades urbanas de Nova Jersey. Uma prosa que estala no ritmo elétrico de uma descoberta. Um autor estreante que tem os olhos de um repórter e a língua de um poeta. Nas histórias de AFOGADO - um lançamento da Editora Record -, Junot Díaz nos fala de um mundo no qual pais partiram e mães determinadas lutam sozinhas por si mesmas e por seus filhos, crianças e jovens sem pátria que já incorporaram a natural crueldade, a dubiedade e o humor cínico de vidas cercadas pela pobreza. O texto une cólera e desprendimento, frustração e contentamento; os personagens passeiam pelos contos que, atrelados por suas tramas, constroem uma crônica do desajuste de indivíduos e de uma comunidade. Em "Ysrael", dois irmãos exercitam a curiosidade e a crueldade com um garoto deformado, o mesmo protagonista-narrador de "Sem cara". Em "Aguantando", o foco é a vida familiar no barrio, como vista pelo chico que fantasia a volta do pai para junto da família. Um pai que está nos Estados Unidos e é retratado em "Negócios", lutando para entender um novo país, trabalhando para se tornar um cidadão e recordando (ou esquecendo) sua família deixada para trás. Família que, reunida em "Fiesta, 1980", arma brincadeiras para desviar a atenção das traições do chefe da casa. Em todos os contos, Díaz remete à cultura chicana, no melhor estilo da tendência spenglish que ganhou espaço no mercado americano.