David Treece, ao contrário da corrente critica que não viu mais do que exotismo e evasão na imagem romântica do índio, sustenta que o indianismo, longe de ser uma representação divorciada de seu contexto histórico mais imediato, constituiu uma reflexão problemática e persistente sobre a formação simbólica e sociopolítica do Estado nacional. Mais do que a reposição tediosa de um mesmo modelo, a literatura do período produziu distintas figurações do índio, em consonância não só com o papel a ele conferido no processo da colonização, mas também em sintonia com o jogo político e social do próprio século XIX. Examinando um vasto corpus de análise, e apoiando-se em disciplinas afins, como a sociologia, a história e a antropologia, Treece traz à cena todo um elenco de autores e obras menos comentados pela historiografia oficial, redimensionando por completo a visão dessa vertente literária e o alcance do debate político-ideológico a ela associado.