Sob outros tons, mas desde esforços comuns, juntos somos trazidos também ao belíssimo registro que é a obra de Marli Silveira. Talvez não haja espaço institucionalizado tão afeito ao silêncio e à supressão da voz quanto o ambiente carcerário. Não obstante, aquilo que aparentemente se cala grita em poesia, em experiência, em tempos de vidas que teimam em dizer. Presos, porém jamais encerrados ou acabados. Eis a vida que as baterias de guerra do sistema penal o cárcere é apenas uma delas sempre tentarão calar. Mas sempre restarão histórias, traços que rasgam a paralisia de um tempo confinado diante do horror cotidiano derivado da lógica da violência legitimada [....] Aqui a ingenuidade de qualquer convict criminology que possa pressupor a imunidade daqueles que sofrem as violências das mesmas forças que os oprimem passa longe. Trata-se, antes de tudo, de fazer com que tomem a palavra e que das experiências surja um saber político. Se a prisão é um instrumento de repressão social [...]