Grandes homens e grandes ideias jamais surgem da pura fatalidade ou da pura e original genialidade. No plano natural, bem como no plano cultural, as gerações mágicas - proles sine matre creata - não existem. Doutrinas e culturas, por mais emancipadas que sejam, têm sempre ligações íntimas com a história e com a tradição. Não ocorre, pois, uma exceção com a "filosofia da integralidade" de Michele Federico Sciacca, cuja gênese histórica alimentou-se da originalidade de outros pensadores e sedimentou-se nela. Admitindo-se, outrossim, que a originalidade filosófica de um pensador não esteja tanto no fato de criar formas novas de ler e interpretar a realidade, mas no fato de tornar sua a própria interrogação que lhe inebria e lhe fecunda o espírito, a originalidade de cada inteligência interrogante consiste, então, muito mais na transformação da busca em busca pessoal, envolvendo e coenvolvendo a exigência do próprio ser de cuja fonte a atividade interrogativa sorve e se alimenta. Assim, a Verdade (objeto essencial da inteligência), já presente à interioridade do próprio ser pessoal interrogante, não paira nem habita um nicho meramente discursivo e abstrato do próprio buscante, mas adquire "carne" e, só assim, atua desinstalando o homem de falsos "equilíbrios", pondo-o num singular caminho de sã inquietude. Cada homem é, pois, livremente instigado a viver sua própria originalidade interrogativa na sua singular existência e inteligência pessoal. Tal é o "espírito" que move grande parte da obra de Michele Federico Sciacca.