Meu amigo e professor antigo está ficando cego pouco a pouco as letras subtrai do hábito de ler prazer também labor motor, mas segue sendo em flor como se pode ver e ler e velejar aqui no vento hálito frescor de verbo e vida deste Duo despudor da boca ao duodeno aceno da ideia à veia que compassa o ritmo e dá forma ao rosto que já não se vê no espelho então desvenda assim se reinventa numa profusão de mil autorretratos signos de si no labirinto mundo que cessa de ser um ninho caramujo fora da espiral de sua casa casca desencouraçando-se por meio de nova sensibilidade das pontas dos dedos ao arfar de arpejos pra tecer imagens e visões nas órbitas redemoinhos da memória amores escondidos âmagos desencavados pra fazer de vez essa fusão da voz que fala de poesia com a voz que a cria nesse mesmo corpo pensante pulsante abrindo-se em camadas como uma cebola que de mais cebola nasce como nasce o verso numa folha como se por entre as folhas de uma alface.