A excessiva duração dos processos criminais no Brasil tem sido apontada, acertadamente, como o mais grave problema de nossa justiça, porque induz à redução do grau de eficiência do sistema punitivo e, consequentemente, à perda de sua legitimidade. Para compensar essa disfuncionalidade do aparato judicial, toda a tensão do processo penal transfere-se para as prisões cautelares, as quais, em razão disso, acabam eventualmente assumindo propósitos punitivos. Tal realidade contribui para incrementar o grau de angústia de quem lida com a liberdade humana, cuja supressão ( sob a ótica do acusado ) ou manutenção ( sob a ótica de quem sofreu a ação criminosa ) impõe seja precedida de criteriosa e responsável avaliação pelos profissionais do direito ( juízes, promotores de justiça, advogados, delegados de polícia ). O livro se propõe a instigar a análise, principiológica e dogmática, sobre os institutos que subjazem às medidas cautelares pessoais do processo penal brasileiro (objeto de substanciais modificações após a entrada em vigor da Lei nº 12.403/11), com frequente auxílio do direito comparado, recurso cada vez mais útil ante a globalização jurídica e o crescente rompimento das barreiras culturais e ideológicas que caracterizam o mundo pós-moderno.