Este livro é resultado de um curso que Ric?ur ministrou na Universidade de Chicago, em 1975. Desde Mannheim, Ric?ur é o primeiro a abordar ideologia e utopia num mesmo quadro conceitual. Analisa textos do jovem Marx, discute teses de Althusser, Weber, Habermas e Geertz: a distorção ideológica se baseia na estrutura simbólica da vida social e não se reduz a justificações e identificações ? ilusões socialmente necessárias. Com Mannheim, Saint-Simon e Fourier, a utopia, não reduzida a patologias desconectadas da realidade, promove um distanciamento crítico e fecundo ? utopia como poesia social. Nesse sentido, prolonga-se e aprofunda-se um problema formulado por Ric?ur desde Du texte à l?action (1986): a utopia impede o horizonte de expectativas de fundir-se com o campo da experiência? A hipótese é que a conjunção de utopia e ideologia constitui um exemplo do que Ric?ur chama imaginação social e cultural. O estudo inscreve um momento crítico na hermenêutica, propondo uma alternativa ao fracasso do modelo que opõe a ciência à ideologia. Em diálogo com a psicanálise, a linguística, o estruturalismo, a crítica literária, as teorias sociais e a história, o que temos em mãos é uma lição de filosofia política. Lembra Ric?ur: Sem projeto de libertação, a hermenêutica é cega, mas sem experiência histórica, o projeto de emancipação é vazio.