Para o bem (e às vezes para o mal, mas essa questão fica para outro dia), o estudo de Machado de Assis é, hoje, uma das mais difundidas ocupações dos nossos ensaístas universitários da área de letras, sobretudo daqueles que estudam a literatura do século XIX. A atração que exerce este escritor prolífico, complexo e dono de um humor ímpar torna sua obra uma das mais provocadoras, se não a mais provocadora, da literatura brasileira. Essa saudável disputa interpretativa tem provocado, felizmente, um curioso fenômeno: a redescoberta de seus escritos por diversas frentes. Já não temos apenas leituras centradas nos livros que imortalizaram o escritor especialmente dos romances da segunda fase ou da viravolta. Machado hoje é uma casa com muitas portas e janelas, pelas quais se pode entrar comportadamente, tocando a campainha, ou sorrateiramente, como um gato aproveitando uma veneziana mal fechada.