Não se trata, em primeiro lugar, de pronunciar-se pró ou contra a ‘existência’ de Deus. O que importa antes de tudo é a salvaguarda da dignidade da pessoa humana. Embora se tente com frequência encobrir esta experiência, é o ser humano como tal que não pode sufocar definitivamente a inquietude que provoca a consciência do mistério de sua própria existência. Esse encobrimento sistemático constitui, de fato, a marca dominante de um mundo progressivamente secularizado. Daí a relevância de todo empreendimento que, agindo contra a corrente, procura pôr em evidência, autenticamente, a busca de algo mais, que vibra no mais íntimo do coração humano. Mais do que qualquer progresso científico ou técnico, mais do que qualquer desenvolvimento econômico, o que se requer para a realização individual e para a convivência pacífica da humanidade é a compreensão da vida como um dom, acolhido na liberdade e na gratidão e partilhado gratuita e responsavelmente com todos. [...]