Nascido em 1745 na região do antigo reino do Benim, na atual Nigéria, Olaudah Equiano foi raptado aos onze anos de idade por um grupo étnico rival. Após algum tempo servindo a senhores locais, ainda no continente africano, o menino cumpriu aquele que seria o destino de milhões de seus conterrâneos: foi levado para a costa e embarcado, como mercadoria, num navio de tráfico negreiro que partia para as Américas. Assim principia a autobiografia absolutamente espantosa deste africano, cuja vida, sob o regime da escravatura, o levaria, entre outros lugares, ao Caribe, aos Estados Unidos e à Inglaterra, configurando-se, como observa Carlos da Silva Jr. (autor do roteiro de leitura e das notas adicionais desta edição), como um verdadeiro sujeito afro-atlântico.