Como garantir a sobrevivência individual e o valor de cada um, visando à plena realização de si, sem, com isso, pôr em risco o futuro da espécie nem a subsistência da comunidade política a que se pertence? Menos que a resposta a essa pergunta crucial, que vem sendo colocada e burilada desde Modernidade, crítica e razão prática (2012) e que diz respeito ao modo de entrelaçar ética como cuidado de si e política como a ética do cuidado dos outros, segundo a conclusão do livro O sujeito na história (2012), o presente trabalho procura ser um aprofundamento do que está em jogo nessa questão. Seu título, Si mesmo como história - Ensaios sobre a identidade narrativa, não esconde a inspiração tirada do livro de outro filósofo, o Soi-même comme un autre de Paul Ricour, e indica a tese fundamental, a posição, buscada no fundo comum do filósofo francês e do brasileiro: Hegel. Segundo esse fundo hegeliano, só podemos equacionar bem o problema referido quando abandonamos as dicotomias infrutíferas entre sujeito e história e, levando em conta a especificidade de cada um, alcançamos a compreensão de que, mesmo quando não totalizados, a história é sujeito e o sujeito é história.