Este livro denuncia o trabalho escravo na contemporaneidade brasileira, sobretudo a exploração de bolivianos em oficinas de costura paulistanas. A normatividade brasileira é examinada a partir das diretrizes internacionais que criminalizam o trabalho escravo e preconizam o trabalho protegido. Demonstra-se que a clandestinidade dificulta o conhecimento desse universo, e que a condição vulnerabilizada do trabalhador tende a favorecer seu aliciamento. Sobretudo, ressalta-se a razão de ser do trabalho escravo, movido que é pela reprodução do capital em taxas mais altas em um mundo globalizado, com a terceirização e a (i)migração funcionando como meios propulsores. Camila Rodrigues Neves de Almeida Lima, na dissertação de mestrado Escravos da Moda: análise da intervenção jurídica em face da exploração do trabalho em oficinas-moradia de costura paulistanas, defendida em Direito pela Universidade de Coimbra, Portugal, analisou o atual e candente assunto em quatro capítulos. Para isso foi à história, dos tempos antigos ao contemporâneo, ao Brasil, à legislação nacional e estrangeira e aos desafios para o futuro. As narrativas são diversas, aqui temos uma narrativa jurídica, que utiliza referenciais teóricos do direito e dialoga com autores de outras áreas de conhecimento. Ricardo Rezende Figueira Camila Rodrigues Neves de Almeida Lima A obra que tenho a honra de prefaciar representa, sem dúvida de qualquer espécie, um valioso contributo técnico-jurídico para o combate ao trabalho escravo contemporâneo.Um combate cívico,decerto longo, complexo e intrincado, que a todos cabe, mas que Camila Lima soube assumir e protagonizar. Depois de conhecer esta obra, o leitor estará mais informado sobre o fenômeno do trabalho escravo, sobre as suas causas e sobre as suas formas, bem como sobre os mecanismos jurídicos existentes e pensáveis para lhe dar luta. Esta obra permite, reitero, tornar o fenômeno mais visível. E, com isto, menos tolerável por todos e cada um de nós.