O conceito de crítica estreou no século XVIII como um programa para toda uma época histórica, chamada modernidade. Os séculos seguintes seriam invariavelmente marcados pela atividade desestabilizadora da crítica. Em particular, o século XX parece ter sido, por excelência, o século da crítica. Contudo, hoje, muito se tem dito e escrito a respeito do esgotamento deste conceito-programa de (teoria) crítica. Poderemos nós prescindir dele? Se sim, o que ocupará o seu lugar no século XXI? Se não, quais são as formas de crítica adequadas à vida e ao pensamento da nossa época? Em suma, como devemos pensar e realizar a (teoria) crítica? O livro que o leitor tem em mãos procura responder a essas e outras perguntas por caminhos variados. Com o objetivo de fazer uma genealogia das constelações de crítica e cartografar as atividades de teoria e pesquisa críticas, tanto as clássicas quanto as hoje existentes, o Cartografias da Crítica, projeto iniciado em 2017, entrega agora os primeiros resultados de uma reflexão coletiva sobre os fundamentos, as potencialidades e os limites da crítica na filosofia e nas ciências humanas. Disponibilizamos aqui uma seleção de textos, um balanço retrospectivo e uma prospectiva das atividades, através dos quais reativamos nossas intenções iniciais, ao mesmo tempo em que, fechando o primeiro ciclo, desenhamos os contornos do novo horizonte que agora se inicia.