Enquanto lia esta obra de estreia do poeta Gabriel Stroka Ceballos, certos versos de Donizete Galvão não cessavam de retornar à minha cabeça. Publicados em O homem inacabado, no ano de sua morte, dizem: Atravessar as coisas/para melhor absorver-lhes/a duração e o gosto, e continua: Sair do outro lado/com outra densidade:/o corpo mais sólido/diante da correnteza/desses dias. Não creio ter sido à toa. Quando se entra em contato com a poesia de um autor novo, convoca-se todos os autores já lidos, como companhias para a travessia do desconhecido. Pois bem, ao que me parece, é justamente sobre as complexidades de atravessar a vida (e ser atravessado por ela) que trata este Não foi assim que nos pediram os que morriam?. Do poema que abre o livro ao que o encerra, engenhosamente posicionados, Gabriel vai construindo um inventário de observação e questionamento do mundo. Página a página acompanhamos o poeta em um caminho tortuoso de aproximações e afastamentos da metafísica: Deus (...)