A Dra. Magali R. Boemer, nascida em Rio Claro, SP, formou-se pela Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto, em 1968. Completou seu mestrado em 1975 e seu doutoramento em 1985, tendo sido professora dessa Escola de 1969 a 1994. Atualmente aposentada da universidade, ela continua a participar de cursos de Pós-Graduação e coordena projeto de investigação sobre o tema da morte. Ao longo de sua carreira, tem estado profundamente envolvida na questão da morte e suas facetas, interligadas à perspectiva do cuidar. Em sua trajetória acadêmica, vem publicando inúmeros trabalhos e participa de congressos e simpósios em diversas partes do Brasil e América Latina. Até hoje, ministra curso de Pós-Graduação no Chile nessa área. A partir da experiência descrita neste livro fruto de sua tese de doutoramento vem-se preocupando em formar recursos humanos para interagir no cotidiano do hospital, onde a morte e o morrer estão presentes.O hospital, ao menos até a metade do século passado, não era propriamente um local de cura, mas antes um local de morrer. Pacientes com boa situação financeira eram atendidos em casa. A morte era parte da história familiar. De lá para cá, essa situação inverteu-se e, em paralelo com o desenvolvimento médico tecnológico, o hospital tornou-se uma instituição da saúde. Apesar de soluções que, há algumas décadas, sequer se imaginava ser possível encontrar, os avanços médicos não podem alterar aquilo que é inerente da condição de ser vivo: morrer. A despeito dos esforços pela vida de cada paciente, é intrínseco à vida que cada um, um dia, irá morrer.Esse fato cria uma aparente contradição para os profissionais de saúde: um dos elementos mais essenciais da condição humana é a antítese dos esforços hospitalares. A morte parece ser encarada com a derrota dos profissionais da saúde. O aumento da tecnologia não veio acompanhado com um aumento do preparo pessoal dos profissionais da área. De fato, talvez tenha havido um retrocesso, uma vez que hoje escondemos, negamos algo tão natural quanto o nascimento.Magali R. Boemer mostra, neste livro, o contato do hospital "em seu sentido mais amplo, incluindo os familiares" com o paciente terminal. Seus relatos de vários pacientes nessa fase especial de sua vida expõe as dificuldades de todos, mostrando um universo pouco conhecido, difícil, mas inerente à vida mesma. Depois, apoiada em Heidegger, procura entender a questão do Ser em seus desdobramentos ligados ao paciente terminal e aos que estão com ele. A Morte e o Morrer, ao contrário da tendência de simular a inexistência da morte, vai de encontro a ela, descobrindo um universo que não deixa de ser repleto de significado "tanto quanto o tem o restante da vida. Assim, surge um texto que é uma referência para todos os que lidam com a questão da morte, sejam profissionais "enfermeiros, médicos, assistentes, etc". ou não.