Alguns livros buscam a linha reta, a promessa organizada de um começo, meio e fim, não necessariamente nessa ordem, porém razoavelmente garantidos na organização mental de quem se dispõe a ler. Mas há alguns livros que parecem se deleitar com a matéria irracional do mundo; nesses livros, as estórias se espraiam caoticamente (ou numa caosmose, como conceituava Félix Guattari): uma invade a outra, sem compreendermos bem se há ali qualquer relação causal, se estão mesmo concomitantes, ou se o próprio tempo ameaça ver sua trama se esgarçar diante dos nossos olhos. É o caso desta Terebentina de Alexandre Gil França, em que a promessa de um livro de contos logo se torna uma espécie de labirinto no qual a prosa narrativa abre lugar ao modelo de um script cinematográfico ou de roteiro teatral, por vezes hesitante entre a prosa e o verso, e muitas vezes aceitando um narrador (ou roteirista) que invade o texto como um eu que altera os fatos que ele mesmo organiza. E cada coisa (...)