Há muitas palavras para dizer o mover-se que é o nosso, de leitores, por este livro de Aguinaldo J. Gonçalves: caminho, percurso, viagem. Ou meandro, como está em seu título, palavra que vem do grego e que significa a curva acentuada de um rio. Na tipologia fluvial, há rios retos, sinuosos, meandrantes. Por vezes, chegam a perfazer amplos semicírculos, por um processo de erosão de suas margens, e recebem o nome de divagantes, que é menos do que dizê-los tortuosos, quando mudam bruscamente de sentido diante de fraturas ou diáclases. No livro de Aguinaldo, são meandros da palavra poética, que corre como as águas negras de Álvares de Azevedo, de um rio que se perde na floresta, forma pântanos plenos de lixo e pó das estrelas em Georg Trakl, podendo congelar-se qual palavra em João Cabral de Melo Neto, boiando no papel.