A verdade desnuda que Aluísio Azevedo revela em seu romance O Coruja reflete a pressão do meio ambiente, onde pululam seus personagens, fazendo emergir pelo levantamento superficial e sistemático dos sinais interiores e exteriores de cada um, suas naturezas híbridas, chegando mesmo alguns estudiosos a afirmarem haver o autor transportado para André a psique do taciturno Capistrano de Abreu. A vida na época de introdução do Naturalismo entre nós apresentava aspectos repugnantes, tristes, amargos; era preciso trazê-los para a literatura como se apresentavam, abandonando aquele formalismo dândi, aquela idealização romântica, que disfarçava aqueles aspectos, quando não os esquecia. A esse impulso pragmático que acicata os leitores, revelando-lhes as condições miseráveis de vida, surge a grande força motriz de Aluísio, que não consiste apenas em narrar tais acontecimentos e sim interpretá-los. A interpretação exigindo profundidade e largueza de horizontes e não se satisfazendo na visão sensorial e superficial, importando sim em uma tomada de posição em face aos acontecimentos. Introdução de Raimundo de Menezes