O regionalismo estético e singular de Guimarães Rosa (1908-1967) é possuidor de um caráter universalizante, elaborado pela reversibilidade existente entre o bem e o mal e por uma ambiguidade no interior destes dois pólos antagônicos presentes no cotidiano da humanidade. Desta forma, a escrita rosiana em obras como Sagarana e Grande sertão: veredas revelou, aos nossos olhos, a sua supremacia literária, ao superar as barreiras do exotismo e do pitoresco característicos da tendência regionalista brasileira que remonta ao Romantismo. À luz da redução estrutural - método de análise proposto pelo professor Antonio Candido, fruto de suas leituras do new criticism norte-americano e da antropologia social inglesa -, Everton Luís Teixeira, docente da UFPA e estudioso da obra rosiana e dos trabalhos de Antonio Candido, vislumbra a contribuição da crítica universitária (nascida nos pavilhões da USP) por meio do exame de um dos primeiros caminhos interpretativos abertos para a recepção do romance Grande sertão: veredas, publicado em 1956, que é a relação, sem qualquer grau de subordinação, da matéria literária com os Estudos Sociais. Pela compreensão deste método - no qual o elemento social condicionante (externo à obra de arte) se torna pertinente à estrutura literária - objetiva-se, neste livro, interpretar, a importância do leitor (enquanto conceito) para a (res)significação da narrativa ficcional, assinalando, entre outros pontos, a relevância da leitura sociológica na Literatura Brasileira, empreendida por mestre Candido, feito desdobrado a posteriori nos estudos de alguns de seus, discípulos mais diretos - nomes como os de Walnice Galvão, Davi Arrigucci e Roberto Schwarz -, todos ensaístas de primeira ordem da crítica literária nacional.