O pampa, região do Rio Grande do Sul e da bacia do rio da Prata - alvo de constantes disputas territoriais entre as coroas de Portugal e Espanha no século XVII -, é o cenário de As fronteiras da escravidão e da liberdade no sul da América. Organizada por Keila Grinberg, a obra reúne textos de especialistas que discutem as características da escravidão naquela área fronteiriça - enriquecendo o debate sobre um tema essencial para um entendimento profundo sobre o nosso país. Compreendendo fronteira não como linha demarcatória, mas como construção histórica, a obra mostra como, no sul do continente, no século XIX, as fronteiras passaram a delimitar não apenas os espaços dos Estados e das nações em formação, mas também as demarcações entre a escravidão e a liberdade. A fuga de escravos para a Argentina e o Uruguai é um objeto de estudo importante ao longo da obra, em textos que analisam o impacto que as conjunturas políticas desses países vizinhos, aliando movimentos de independência e projetos de emancipação de escravos, causaram no Brasil. A ação dos elementos sedutores nas fugas empreendidas pela fronteira meridional é também alvo de análise. Outros textos examinam as estratégias dos senhores e dos escravos na fronteira entre Brasil e Uruguai, as escravizações ilegais na região e as concepções de escravidão e liberdade na imprensa de Montevidéu em 1842. Escritos por especialistas brasileiros, os artigos deste livro mantêm um intenso diálogo com as pesquisas sobre escravidão que vêm sendo realizadas no Uruguai e na Argentina. Com clareza e profundidade, a obra contribui para expandir a compreensão sobre a escravidão em regiões de fronteira do Brasil, revelando suas relações com a sociedade local e com os países fronteiriços.