Essa habilidade de habitar outros seres Há algo na escrita de Carina Carvalho que parece querer alcançar o tempo que não cabe numa linha. Ela então coloca o corpo em jogo, vai desenhando novos traçados, experimentando possibilidades. Talvez por isso faça alianças com os animais, as plantas e o que preenche o invisível, alongando-se para além dos contornos óbvios, afinal, há que se ter flexibilidade no que precede a vertigem. Sua nudez parece ser iluminada pela clareira que acompanha o título do livro. A luz, no entanto, é mais o dissecar daquilo que compõe a existência e menos um espaço de alento. Nesse sentido, a autora é honesta y não promete mergulhos na superfície puxar do âmago do âmago pontos submersos pra aprender ligeiro a correr perigo. Essa dança, por vezes abissal, sobe muros, invade calçadas e desabrocha aos olhos atentos. [...]