Nascido na Rússia, filho de um jornalista judeu oriundo da Alemanha e de uma professora de origem católica do Volga alemão, Álfred Garrievitch Shnittke (1934-1998) foi educado na Rússia, mas nunca se sentiu russo. Identificava-se acima de tudo com a cultura e com a música germânica. Desse solo fértil e multicultural, Shnittke cultivou uma linguagem musical herdada da longa tradição ocidental de grandes compositores. De Stravínski herdou a capacidade de observar diversas tendências e manter sua integridade musical; de Ives herdou a capacidade de usar o som do dia-a-dia; de Mahler a intensidade musical e de Berg a disciplina. Mas foi de Shostakóvitch que herdou o legado espiritual de manter vivo o simbolismo da música russa. Shnittke foi o compositor mais importante a surgir na Rússia após Shostakóvitch. Sua obra expressar-se através da escrita poliestilística - mistura de estilos - altamente individual e refinada, capaz de unir o passado, o presente e o futuro, o local e o universal. Marco Aurélio escreveu este livro com devoção: cada uma de suas páginas está impregnada do intenso entusiasmo do autor pelo objeto de seu estudo, e da sincera vontade que ele tem de compartilhar com o leitor o prazer que sente com a sua música - por mais árdua que ela possa parecer à primeira escuta.