Se o leitor tinha, até aqui, uma visão predominantemente empírica, «inocente», porventura da problemática do mundo do dinheiro ou a convicção supostamente «realista» de conhecer, além do seu uso e da sua fruição, também os seus mecanismos e pressupostos, sairá decerto transformado da leitura destes ensaios. Descobrirá a densidade humana, a complicação vital, a promessa ou o perigo, a radical ambiguidade dessa extraordinária criação humana, que é o sistema monetário. Verá também que o dinheiro é uma coisa demasiado séria para se confiar só aos economistas e gestores financeiros. Descobrirá igualmente o papel insubstituível da reflexão filosófica que, no fenómeno aparentemente neutro e técnico do dinheiro, sabe descobrir dimensões latentes, não detectáveis por outras formas de saber que obedecem a outros intuitos e não conseguem sair da imprescindível parcialidade dos seus métodos. Eis porque continua a ser tão atraente e fecunda a lição multinivelada de Georg Simmel acerca deste tema.