Logo no começo do segundo ato da peça de Shakespeare, Julieta pergunta a Romeu por que ele não pode renunciar a seu nome, para que ela possa amá-lo. Por que um nome é tão importante, a ponto de impedir o amor dos seres? What’s in a name, a frase literal da personagem, é o ponto de partida e o título original deste Lumes, que a multipremiada poeta portuguesa Ana Luísa Amaral traz agora ao Brasil, em edição consideravelmente aumentada, com poemas inéditos. Aqui, a poeta se coloca as questões que poderia ter-se feito a própria Julieta, se não tivesse sucumbido: quais as dimensões de ver, nomear, escrever, matar? Ao perguntar-se, ela nos ensina, já desde o primeiro poema, que do cotidiano surgem os mais intrincados enredos: se o mosquito assassinado pela unha da poeta retornará, cem anos depois, matéria de outra coisa, talvez até do poema ou do papel em que estará impresso (em Matar é fácil), o livro, esquecido de propósito num banco de praça, que destino terá? (em Abandonos) [...]