Era o início do século XX. Fortaleza mais uma vez se via assolada pela varíola, moléstia que poucos anos antes matara um quinto da população local. Por conta própria, enfrentando a ignorância e denunciando a irresponsabilidade de autoridades negacionistas, o farmacêutico Rodolpho Theophilo tomou para si a tarefa de imunizar os cearenses contra a peste. Comprou a parafernália necessária à produção da vacina e começou sua batalha. Aquele homem alto, de longas barbas, dedicou quatro anos de sua vida a bater de casa em casa para explicar a cada morador, em linguagem simples e clara, por que era preciso recorrer ao imunizante. Tudo na mesma época em que os métodos utilizados para o combate à febre amarela no Rio de Janeiro, então capital do país, levaram à Revolta da Vacina. Era uma cruzada contra o vírus, mas também contra o obscurantismo. Lira Neto, um dos maiores biógrafos brasileiros, conta com detalhes esta história incrível e, mais do que nunca, atual.