O envelhecer sempre despertou interesse não só porque a medicina conscientiza a todos precocemente a respeito da finitude do ser humano, mas também pelas questões demográfico-previdenciárias cada vez mais em pauta na atualidade. Ainda assim, esse tema tende a ser evitado ou amenizado por meio da publicidade, que vende a figura do idoso eternamente jovem, sorridente e ativo. A partir da experiência de pacientes do grupo sob sua coordenação no Hospital das Clínicas em São Paulo e de seu consultório particular, a autora retrata no livro o processo do envelhecimento sob aspectos teóricos e práticos e faz um recorte da mídia, mostrando o universo no qual os pacientes estão inseridos e expõe de maneira crítica as diferentes formas de 'velhice' e como a constituição psicológica pode levar os indivíduos a resgatar e resignificar suas histórias de vida. O livro mostra duas vertentes do envelhecimento: aquela na qual as pessoas podem produzir e a impeditiva, onde o sujeito se afasta de todos os vínculos e entrega-se à espera da morte. "Esse último aspecto deve-se a ausência do sentimento de pertencimento, motivado pela mudança ou falta de lugares como ruas, prédios, lojas, entre outros, que sempre foram parte do referencial do indivíduo. No processo de envelhecimento, isso acaba por levá-lo a uma sensação de despersonalização e estranhamento", explica. A autora também traz à tona a questão da entrada da análise na vida dessas pessoas, que muitas vezes pode provocar uma sensação de perda pelo contato com o passado promovido pela terapia.